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As escolas e as descobertas do mundo real

                Um dos maiores desafios da educação contemporânea é preparar nossas crianças para descobertas do mundo real, ou seja, preparar as crianças para usarem o que aprenderam na escola em suas vidas, de maneira prática, para que possam resolver seus problemas reais.

                Para que a prática escolar passe a ter sentido real para os alunos será preciso refletir e alterar boa parte do currículo escolar brasileiro.

               Entendemos por currículo escolar os conteúdos a serem ensinados e aprendidos; as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos estudantes; os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais; os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino; os processos de avaliação que terminam por influenciar nos conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização.

                Muito do currículo escolar brasileiro não faz o menor sentido para os alunos, por exemplo, decorar a ordem em relação a distância do Sol e os nomes planetas que compõe o Sistema Solar, a sequência correta dos presidentes do Brasil, todos os elementos da tabela periódica, todas as fórmulas da matemática e da física. Não faz mais sentido manter um currículo escolar conteudista e meramente decorativo, uma vez que já existem sites, smartfones, tabletes, aplicativos, que podem ser consultados a qualquer momento e que já trazem todos estes conteúdos, e para quem disser “assim não vale”, não se esqueça que disseram a mesma coisa quando a calculadora foi inventada e temos certeza de que ninguém hoje em dia teria coragem de negar a importância deste aparelho para as nossas vidas.

                Não é mais possível pensar em um aluno que passou mais de 15 anos sendo educado não consiga aplicar o que ele aprendeu em sua vida prática, como é possível aceitar o fato de que todos, em algum momento da vida escolar, aprendem a calcular a área de praticamente todas as figuras geométricas e quando nos vemos diante da necessidade de trocar o piso de nossa casa temos que chamar alguém, normalmente um pedreiro, para que o mesmo possa calcular quantos metros de piso precisaremos comprar, a educação para o século XXI deve ser permeada de significado e utilidade, devemos:

(...) potencializar nas crianças as capacidades que lhes permitam responder aos problemas reais em todos os âmbitos do desenvolvimento pessoal, sejam sociais, emocionais ou profissionais (...). Ser capaz de compreender e intervir na realidade comporta dispor de instrumentos cognoscitivos que permitam lidar com a complexidade (...) (ZABALA, 2002, apud SABBAG, 2013, p. 35).


                Um dos grandes objetivos colocados para uma educação de qualidade é criar e/ ou potencializar nos educandos as competências que permitam a eles resolver com sucesso os desafios da vida contemporânea. Para Rabaglio (2001) competência é um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos que permitem ao indivíduo desempenhar com eficácia determinadas tarefas.

                Por isso precisamos de um currículo “voltado para a construção de competências” (COSTA, 2005, p. 52). 

                As competências para o século XXI incluem a colaboração, a democracia, a liberdade e a honestidade, sendo assim, a construção de novos currículos deve ser uma ação comunitária, que envolva toda a comunidade escolar, gestores, professores, pais e alunos, uma vez que este currículo deve fazer sentido a todas as pessoas, uma vez que não faz mais sentido a “hierarquia baseada no saber erudito descontextualizado” (COSTA, 2005, P. 53).

                Finalizo essas linhas citando Moraes e afirmando que buscamos um tipo de educação que esteja

(...) a serviço de um tipo de sociedade mais aceitável. Uma sociedade que seja capaz de valorizar a inclusão e não favorecer ainda mais as diferentes formas de exclusão. Uma sociedade que valorize a ética integral, que compreenda a necessidade de preservação e promoção da vida para que o aprendiz seja capaz de encontrar dentro de si o sentido de sua própria existência (MORAES, 2008, p. 313).


Fontes

ASSIS, Sheldon. Educação para o século XXI: desafios e oportunidades para uma transformação pedagógica. Rio de Janeiro: Albatroz, 2018.


COSTA, T. A. A noção de competência enquanto principio de organização curricular. Revista Brasileira de Educação 61., n. 29, mai/jun/jul/ago. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n29/n29a05.pdf>. Acesso em: jul. 2016.


MORAES, M. C. Pensamento ecossistêmico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.


SABBAG, S. P. Práticas de leitura e reflexão para uma educação sustentável. Patio, n. 67, ago. 2013. Disponível em: http//WWW.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/7957/praticas-de-leitura-e-reflexao-para-uma-educacao-sustentavel.aspx. Acesso em: 30 de ago. 2013.